domingo, 2 de outubro de 2011

Arcadismo

Também conhecido por Setecentismo (dos anos 1700), este estilo traduz a busca do natural e do simples com a adoção de esquemas rítmicos mais gracioso. Este movimento traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.
A busca do campo pela arte é uma forma de resgate de um bem perdido pelo surgimento das cidades. Assim justifica-se como principal característica o bucolismo, elevando a vida despreocupada e idealizada nos campos.
O mito do homem natural, bom selvagem, do herói pacífico representa certa oposição aos abusos de juízes, políticos e clero. Essa politização do movimento apresenta-se também através dos poetas árcades que eram participantes da Conjuração Mineira.
Poeta mineiro, estudou com os Jesuítas no RJ. Em Roma e ingressou na Arcádia Romana, adotando o pseudônimo de Termindo Sipílio. Escapou de acusações de jesuitismo e do dregredo em Angola, escrevendo elogios ao casamento da filha do Marquês de Pombal. Escreveu, em 1769, O Uraguai, sendo a segunda passagem uma das mais famosas de sua obra: a morte de Lindóia.
 "Na idade que eu, brincando entre os pastores, / Andava pela mão e mal andava, / Uma ninfa comigo então brincava, / Da mesma idade e bela como as flores."
"Açouta o campo coa ligeira cauda / O irado monstro, e em tortuosos giros / Se enrosca no cipreste, e verte envolto / Em negro sangue o lívido veneno. / Leva nos braços a infeliz Lindóia / O desgraçado irmão, que ao despertá-la / Conhece, com que dor! No frio rosto / Os sinais do veneno, e vê ferido / Pelo dente sutil o brando peito."
 
 --O Uraguai
Obras Principais:
  • O Uraguai, 1769
    Inovação no tema contemporâneo para um poema épico: exaltar o Marquês de Pombal e sua política, e criticar os jesuítas. No poema é narrada, apesar de ainda exaltar a natureza (que não chega a ser bucólica) e o bom selvagem (instigados pelos jesuítas espanhóis), a luta de portugueses e espanhóis contra os índios dos Sete Povos das Missões. No drama principal, além dos personagens jesuítas caricaturizados e do herói português que comandou a tomada, os índios Sepé (o famoso Sepé Tiaraju), Cacambo e Lindóia. Sepé morre logo no começo e depois o também guerreiro Cacambo morre. Lindóia, que era sua esposa, fica extremamente deprimida e deixa que uma cobra a pique.
  • Epitalâmio às núpcias da Sra. Da. Maria Amália, 1769
Conhecedor dos princípios iluministas, ocupa, em Vila Rica, o cargo de ouvidor (juiz da época). Envolvido na Inconfidência, é preso em 23/05/1789 e mandado para a prisão no RJ. É deportado para a África em 1792 e lá se casa com uma rica herdeira, recupera fortuna e influências e morre.
Produziu pouco, exceto no curto tempo em que esteve em MG. Apaixonado por Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, escreveu Marília de Dirceu em sua homenagem. Ele ia casar-se com ela e partir para a BA assumir um cargo de desembargador, mas foi preso uma semana antes.
Segundo suas poesias ele não participava da Conjuração, apesar de ser amigo de Cláudio Manuel da Costa. Ainda assim, era acusado de ser o mais capaz de dirigir a Inconfidência.
 "Eu vi o meu semblante numa fonte, / Dos anos ainda não está cortado, / Os Pastores, que habitam este monte, / Respeitam o poder de meu cajado." 
 --Marília de Dirceu
 "Assim o nosso chefe não descansa / De fazer, Doroteu, no seu governo, / Asneiras sobre asneiras e, entre as muitas, / Que menos violentas nos parecem, / Pratica outras que excedem muito e muito / As raias dos humanos desconcertos." 
 --Cartas Chilenas
Obras principais:
  • Marília de Dirceu
    Esta é uma obra pré-romântica; o autor idealiza sua amada e supervaloriza o amor, mas é árcade em todas as outras características. É um monólogo de Dirceu em que Marília é um vocativo.
    A primeira de suas três partes é dividida em 33 liras. Nela, o autor canta a beleza de sua "pastora" Marília (na verdade, Maria Dorotéia Joaquina de Seixas). Descreve sempre apenas sua beleza (que compara à de Afrodite) e usa de várias figuras mitológicas. O autor também se dirige a seus amigos "Glauceste" e "Alceu" (Cláudio Manuel da Costa e Alvarenga Peixoto), seus "colegas pastores". O bucolismo nesta parte da obra é extremo, com referências permanentes ao campo e à vida pastoril idealizada pelos árcades. A segunda parte é dividida em 37 liras e foi escrita na prisão, após 1789. Nela o bucolismo é diminuído, mas a adoração a Marília continua, apesar de tratar mais de Dirceu do que da pastora. Nesta parte, existe a angústia da separação e o sentimento de ter sido injuriado, o que aumenta a declarada paixão pela amada. Aparece também a angústia da separação que sofreu de seu amigo "Glauceste" (em regime de incomunicabilidade, não sabia do suicídio de Cláudio Manuel da Costa.). A terceira parte não possui apenas suas 8 liras; tem também sonetos e outras formas de poesia. Mas apenas as 8 liras possuem referências a Marília e quando elas acabam, começam a aparecer outras poesias de "Dirceu".
  • Cartas Chilenas
    São 13 poemas satíricos com estrutura de carta (epístolas) escritos por Critrilo (pseudônimo do autor por muito tempo obscuro). Os desmandos, atos corruptos, nepotismo, abusos de poder, falta de conhecimento e tantos outros erros administrativos, jurídicos e morais são relatados em versos decassílabos do "Fanfarrão Minésio" (o governador de Minas Gerais, Luís Cunha Meneses) no governo do "Chile" (a cidade de Vila Rica).

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